Com esse ar de tranquilidade, gentileza e humildade o Artista Areilton Martins nos concedeu esta entrevista. Super acessível ele nos cedeu alguns minutos do seu tempo para encher de arte o nosso espaço de leitura e cultura literária. Quem diria que um jovem de 22 anos teria tanto, tanto a nos dizer. Aplausos ao seu brilhante trabalho e gratidão a tudo que ele nos ensina nestas poucas palavras.
1)
Defina para nós quem é Areilton Martins.
... rssssss
2)
Você é ator, professor, poeta e estudante de filosofia, tem mais algum talento
que não conhecemos?
O ser humano é
complexo, sempre há coisas que descobrimos em nós mesmos, mas a dança foi a
primeira arte que usei para expressar-me.
3)
Quando você se descobriu artista? E como você se percebeu poeta?
Eu não sei o exato
momento em que me dei conta de que a arte seria o meu caminho à ser trilhado.
Faço parte de uma família simples, mas que tem vários artistas, meu avô paterno encenava em
espetáculos religiosos e além dele seus irmãos todos eram músicos, tenho um tio-avô que era ator
(decorava textos enormes e poemas épicos mesmo sendo analfabeto) e é poeta
violeiro e um irmão que sempre se envolveu com arte e me influenciou a
também estar envolvido e apreciá-la. Comecei a escrever poemas como a maioria começa
nas primeiras paixões de adolescente. Acho a denominação poeta muito pesada, assim
como filósofo, prefiro ser chamado de artista, ativista cultural e outros termos, é
como se a responsabilidade diminuísse, mas fico orgulhoso quando me chamam
poeta.
4)
Você tem apenas 22 anos e já conquistou um prêmio literário. O que isso
representa para você?
Sinceramente o
prêmio em si para mim não significa muita coisa, o que eu gosto mesmo é quando pessoas leem em algo e dizem o que o meu texto desperta nelas. O prêmio
interessa porque fui publicado e provocou em mim um breve sentimento de reconhecimento.
5)
O Brasil já foi considerado um País de não leitores, entretanto, as últimas
pesquisas apontam que os brasileiros têm lido mais, principalmente os
adolescentes, muito embora saibamos que apesar de lerem mais, essa leitura raramente é
Literatura Brasileira. A maioria dos educadores afirma que há resistência entre
os adolescentes quanto á Literatura Brasileira, como você explica o sucesso do
seu trabalho quanto á Literatura Augustiana de forma tão proveitosa entre os
seus alunos?
Ler mais nem sempre
significa ler melhor. Parece que a cultura de massa chegou há um tempo na
literatura, então do jeito que há músicas com melodias bem trabalhadas e letras
incríveis, tem música que é feita apenas com o intuito do dinheiro, o mercado estrangeiro
deu um passo à frente do Brasil, visando lucrar também com a literatura e fazem
aqueles livros direcionados a certos públicos que acabam se tornando best-sellers, vira modinha entre os
leitores desavisados. Acredito que a literatura brasileira tem que ser bem
trabalhada, mas o bom leitor tem que conhecer o que aconteceu e acontece lá
fora. Meu trabalho com a poesia de Augusto dos Anjos dá certo porque eu sou
um apaixonado pela obra de Augusto e também porque eu não trato a poesia dele
como algo inacessível para os adolescentes, como se estes, não fossem capazes de
compreender
ou de sentir algo ao ler um poema de Augusto dos Anjos. Todos sabem que
é difícil o trabalho com literatura, ainda mais uma que requer um maior esforço,
talvez estes sejam alguns dos elementos pelo qual estou vendo sementes
germinarem.
6)
Como você acredita que a Literatura deveria ser trabalhada nas escolas?
A
literatura tem que ser trabalhada com paixão, não adianta ser imposto de cima
para baixo, tem que despertar o gosto nos alunos apresentando coisas boas dentro
do assunto que eles gostam, deve-se utilizar todos os meios e ferramentas
possíveis para o despertar da leitura (música, teatro, jogos, filmes e etc...).
Alguns orientadores executam projetos apenas para cumprir tarefas, e não pode
ser assim, tem que existir paixão, se os professores não leem porque então os
alunos hão de ler?
7)
Quando entrevistamos suas alunas Rayane Monteiro e Liandra Santos, elas
elogiaram muito o seu trabalho, e falaram de forma apaixonante sobre o seu
incentivo quanto ator e educador. Esse reconhecimento vindo de suas próprias
sementes consagra a sua prática docente? O que você diria para educadores que
ainda não despertaram para o poder da arte dentro das escolas?
Foi muito gratificante
para mim, ter o meu trabalho reconhecido por elas, fiquei bastante emocionado, espero
que elas frutifiquem gerando outras sementes. Quanto aos educadores que ainda
não despertaram para o poder da arte dentro das escolas, só digo que sinto
muito, pois eles não sabem que estão perdendo uma grande chance de transformar para
melhor as pessoas e consequentemente toda a sociedade.
8)
Conte-nos um pouco sobre sua produção poética. De todos os poemas que você já
declamou, qual foi o mais importante, dentre todos eles tem algum que o
emociona mais? Por quê?
Escrevo poesias desde
os 12 anos de idade. No começo de 2014 resolvi cadastrar-me no concurso nacional
de novos poetas (POETIZE 2014) que publica um poema de cada novo poeta
classificado e fui classificado com “Poesia Angola” uma poesia que mistura
elementos da capoeira angola com a poesia (também sou capoeirista), participei
de um projeto de Catoneras da
Biblioteca Nacional e publico muita coisa na minha página da internet,
ultimamente estou mais envolvido com roteiros de peças teatrais. Quanto as
minhas declamações, sinto emoções diferentes em cada poema e depende muito do
momento e também do ambiente, mas o poema de Augusto dos Anjos “Vencedor” faz
com que eu tenha sempre coragem para recitar os demais e criar novas poesias.
9)
Conte-nos sobre seus próximos projetos.
Estou trabalhando
bastante com textos teatrais, penso em futuramente trabalhar com vídeos, quero
lançar um livro meu de poemas e enveredar-me pela música compondo e até
tocando, arranho violão, toco flauta-doce e engano em alguns instrumentos
percussivos,
estou também com os meus amigos e alunos construindo uma casa de taipa para que
seja um espaço político, artístico e reflexivo nosso, sem que haja
interferência quaisquer que seja dos que estão interessados no status
quo.
10)
De acordo com as palavras abaixo, diga o
que vem á mente.
a)
Uma letra:
A.
b)
Uma palavra:
Amor.
c)
Uma cor:
Vermelho
d)
Um lugar:
Aqui.
e)
Um livro:
“Eu.”
f)
Um filme:
“Sociedade dos Poetas
Mortos.”
g)
Uma música:
“O Tempo Não Para.”
h)
Uma pessoa:
Adailton Antônio da
Silva
i)
Um sonho:
O amor reinando e assim
fazendo com que a segurança case com a liberdade, a comunidade com o indivíduo.
j)
Uma frase:
“Só se pode alcançar um grande êxito quando nos
mantemos fiéis a nós mesmos.”
Friedrich Nietzsche
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